Veja também matéria publicada na Folha de São Paulo em 9/10 com o título de "Moradores da Vila Mariana fazem protesto e reclamam de pressão de construtora por venda de casas".
Vizinhos se revoltam com assédio de construtura!
A Lei de Zoneamento, revisada em dezembro de 2023, sem nenhum argumento plausível, aumentou de 600 para 700 metros as áreas de Zeus - Zona Eixo de Estruturação e Transformação Urbana. Isso permitiu que fossem liberadas nos entornos das estações do metrô, prédios em alturas a perder de vista em mais quadras da Vila Mariana – tudo isso sem estudos ambientais e de vizinhança. O fato é que é justamente neste pedaço (o mais valorizado da Vila Mariana) é por onde passam os rios que alimentam as águas do parque Ibirapuera, com mananciais, incontáveis nascentes e com lençol freático abundante, basta ver as ruas assolapadas e a quantidade de água que corre a meio fio pelas ruas.
Essa mudança – a quem interessa? – está deixando os moradores aflitos, já que a incorporadora com sua cartilha terrorista, está aterrorizando agora antigos moradores da quadra das ruas Hildebrando Thomás de Carvalho, travessa Humberto I e Octávio de Moraes Dantas, justamente ao lado das três torres da Av. Cons. Rodrigues Alves, construídas em cima de um córrego - e que foi motivo de uma grande mobilização da comunidade em 2011. Desde que subiram as 3 torres, a rua Octávio de Moraes Dantas recebe ininterruptamente uma água limpa, que alaga a rua e corrói sarjetas e asfalto, tamanha a quantidade!
Mas, voltando à incorporadora, que trabalha para a construtora You,inc, a perturbação é tanta que, mesmo com apenas cinco casas interessadas na futura venda, das 30 existentes na quadra, foram colocadas 2 placas com os dizeres “Breve Lançamento”, em 2 destas 5 casas que assinaram uma carta compromisso, sem nenhuma validade legal. Tudo isso para pressionar os moradores, que não aguentam mais tanta perturbação!
André Kainer Rinaldi desabafa: NÃO VAMOS VENDER NOSSA CASA DE JEITO NENHUM! Meus pais sempre falavam que queriam que eu fosse morar nessa casa. Após o falecimento deles, eu e minha família estamos terminando de reformá-la e já vamos nos mudar. Temos esse lado afetivo pela casa que meus pais moraram por mais de 40 anos. Só que essas incorporadoras não estão respeitando as pessoas. Já ligaram duas vezes para o meu filho com interesse de compra e mandaram e-mail duas vezes para minha irmã, falando que já tem vários imóveis com contrato assinado”. A vizinha Adriana Coppi completa: Estamos sofrendo uma invasão! Este é o sentimento. Querem nos expulsar de nossas casas! Do lugar onde criamos nossas raízes e vínculos. Nossas memórias! Estamos muito indignados com este assédio recheado de mentiras”.
Os vizinhos se mobilizaram e colaram placas em suas casas com os dizeres “Esta casa não está à venda!”, para tentar conter o assédio. “Fui procurada várias vezes. Como não me interessei, nem quis saber da oferta, tentaram o contato com a minha irmã em outra cidade, que também não retornou e me avisou do ocorrido”, conta Fátima Fiorotto. Suely Monteiro Cosentino emenda: “Acho um absurdo as autoridades permitirem mais empreendimentos verticais no bairro, que já está saturado. Nós, moradores, estamos sofrendo um verdadeiro assédio da Incorporadora. O entorno é esquecido, o lençol freático desrespeitado, a tão famosa necessidade de verde, esquecida. Moradores de casas harmoniosas da década de 60, sentem-se atacados por esses monstros!
Os moradores não querem sair de suas casas e pretendem ir ao Ministério Público, caso a perturbação continue: Flávio Carrança conta que foi abordado recentemente por um corretor da empresa que está articulando a compra. Ele garantiu que todos os imóveis do quarteirão, de sua casa até o começo da rua, já estavam negociados e que na semana seguinte iriam começar a colocar os tapumes que antecedem a demolição. “Uma evidente mentira, já que a grande maioria dos proprietários já se manifestou contra a venda, inclusive tornando pública a sua decisão".
Vale lembrar que a quantidade de andares de um empreendimento é determinada pelo tamanho do terreno e, para uma construtora o lucro está na quantidade de apartamentos que ela pode oferecer. Além disso, no território onde estão localizadas estas casas há um curso d'água existente, denominado córrego Caaguaçu, um afluente do córrego Boa Vista, um dos formadores do lago do Ibirapuera. “Mudaram o zoneamento sem o menor critério, apenas para atender a voracidade das incorporadoras. Que saibam que não queremos vender nossas casas!”, finaliza Andréa Davoli
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